Conhecer o território pela voz dos Arquitetos
(II)

Nesta sala, destacam-se as conceções dos arquitetos sobre a relação com clientes e construtores, a importância da funcionalidade, da criatividade e abertura do cliente, o espaço de obra, o papel do imprevisto.
Existem escritores que dizem escrever sempre o mesmo livro e pintores que pintam, persistentemente, o mesmo quadro. Eduardo Souto de Moura, por exemplo, diz que faz sempre a mesma casa, porque a faz como se fosse para si. Alimentado pelo diálogo com requerentes, quando desenha, o arquiteto sabe por onde começar ― mas saberá onde acabar? Entre a arte e a realidade passam o tempo, a matéria, e, na arquitetura, o espaço da obra. Em contraponto à fantasia da arquitetura estão os construtores, que impõem limites à visão do arquiteto-artista. Mas são também eles quem a alimenta e ajuda a consolidá-la: diretores de obra, eletricistas, pintores, carpinteiros e canalizadores trabalham para erguer, de forma tangível, a ideia imaterial do arquiteto. E mesmo quando o imprevisto surge, todos concordam que dos erros, por vezes, emergem descobertas. Porque uma casa é uma construção coletiva, não queremos uma arquitetura de classes.