Conhecer o território pela voz dos Arquitetos
(III)

O contexto social da obra, a relação com contextos locais, a relação entre arquitetura e paisagem e entre arquitetura, materiais e construtores locais são os temas que podemos ouvir em destaque nesta sala.
A colina de xisto e as cerejeiras que blindam a entrada do Piódão fazem parte da identidade da aldeia. Na Covilhã, a memória da indústria dos lanifícios materializa-se em grandes pedras de granito, aparelhadas, num anfiteatro natural, onde se estirava a lã ― as râmolas de sol. Há construções que parecem brotar das paisagens, criando a ilusão de terem sido projetadas pela própria terra, de serem atemporais. Porque o lado humanista da arquitetura não pertence, na verdade, ao ser humano: pertence, essencialmente, à natureza, ao espaço, tempo e seres vivos que a rodeiam e que dela são indissociáveis. Algo que se revela no desenho, na escala, na linguagem, nos materiais e técnicas construtivas, nas pessoas que as conhecem. Num banco em vime, pensado por e para um executante local. Na preservação de carpintarias antigas num edifício reabilitado. É um equilíbrio sensível, aquele procurado pela arquitetura, entre a anulação e afirmação perante a paisagem. Porque nem só os edifícios são arquitetura.